sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sobre impostos e servidão



Parabéns brasileiro! Agora que você já cumpriu sua parte para sustentar o Estado, pode trabalhar em prol do seu sustento. Até a quarta feira, 27 de maio de 2009, todo o dinheiro que você ganhou com seu trabalho foi parar nos cofres do governo.

Isso me faz lembrar o trabalho dos servos dos senhores feudais. Os servos viviam em regime de servidão, [sic] estavam obrigados por toda a vida a entregarem produtos e prestarem serviços a seus senhores. No plano dessas relações servis, havia diversos tipos de impostos que os servos tinham que pagar aos seus senhores, incluindo também os serviços que prestavam a eles. Desse modo, no manso senhorial - que eram as terras do feudo de uso do senhor e representavam um terço da área total - os servos deviam trabalhar para seu senhor feudal durante três ou mais dias por semana, numa prática chamada de corvéia.

Tirando o nome, pouco mudou desde a idade média. O trabalhador brasileiro trabalha em média 147 dias por ano para arcar com suas obrigações com o governo, ou 2,8 dias por semana, praticamente os 3 dias exigidos pela corvéia. E em troca o Estado oferece serviços medíocres, que estão longe de corresponderem ao que nós, cidadãos, pagamos por eles.




Não sou contra o pagamento de impostos, muito pelo contrário, é dever de cada indivíduo contribuir, na proporção de seus meios, para o provimento de bens e serviços de uso comum. Economistas afirmam que "Uma carga tributária mais alta significa maior capacidade de redistribuir recursos". Contudo não é isso que se vê no Brasil, país com carga tributária que corresponde a 36% do PIB, terceira maior no mundo. Pobres, classe média e ricos são afetados da mesma maneira pelos impostos, pois os itens de consumo básico são taxados com taxas bastante elevadas, o que prejudica principalmente as classes menos abastadas.

Com o propósito de evidenciar para a população a excessiva carga tributária brasileira, organizações sem fins lucrativos se reuniram para promover no dia 25 de maio o “Dia da Liberdade de Impostos” em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Um acordo foi feito com postos de gasolina das cidades para que a venda do combustível seja feita sem se cobrar o valor dos tributos. Com isso, o preço médio do litro da gasolina, por exemplo, caiu de R$ 2,61 para R$ 1,40.