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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Religião x Psicoterapia




Este vídeo, intitulado "Psicologia: Deus não é suficiente", foi publicado pelo site católico Chamada Online. De tão absurdo não sei nem por onde começar a comentar. Primeiro que, erroneamente, ele trata a psicoterapia como mera especulação cientifica; segundo, afirma que nenhum método específico é mais eficiente que outro. Ao longo do tempo diversas abordagens psicoterapêuticas foram desenvolvidas, apesar de algumas não terem comprovado cientificamente seus efeitos psicoterápicos, outras abordagens, como a cognitivo-comportamental, apresentam resultados bastante consolidados, testados cientificamente e ancorados em um vasto arcabouço teórico. E quando a eficiência do método, a terapia vai ser indicada em função do diagnostico, já que certas abordagens podem trabalhar com mais eficácia um problema que outra.

Em seguida, um pastor, vulgo “representante de Deus”, argumenta contra a CIÊNCIA psicológica baseado em CITAÇÕES DA BÍBLIA, como se estes dois campos do conhecimento permutassem e as argumentações religiosas fossem suficientes para refutar qualquer raciocínio cientifico. Além do mais recorre a diversas falácias, sempre afirmando que a psicologia e a psicoterapia têm a pretensão de saber tudo, de explicar tudo, enfim, de que têm todas as respostas, pretensões que passam longe do escopo científico.

Além de ser absurdo o vídeo é bastante incoerente. Ao final afirma que não trata de toda psicologia, mas apenas da psicanálise, contudo, durante todo o vídeo, as criticas são dirigidas a psicologia e psicoterapia. Além disso, pode-se perceber uma total falta de conhecimento acerca das psicoterapias, inclusive quando critica a concepção de ser humano como intrinsecamente bom, enquanto que a psicanálise, psicoterapia a qual eles afirmam serem dirigidas as críticas, tem uma visão pessimista da natureza humana. Muitas outras falácias e erros crassos podem ser percebidos durante o vídeo.

Não sei por que tal investida de uma instituição religiosa contra a psicologia, e mais a fundo contra o conhecimento cientifico. Felizmente o pensamento religioso não é mais hegemônico em nossa época e ninguém vai mais pra fogueira por discordar dele.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

UMA TESE É UMA TESE

Muito bom esse texto! =D
ah... e o quadrinho idem!

UMA TESE É UMA TESE

MARIO PRATA

Crônica publicada no jornal O Estado de Sao Paulo.

7 de outubro de 1998.

Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese.

Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha.

Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290.

Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma
versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza.

Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.

- O quê? Pirou?

- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria um tesão.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ilusão de Ótica


Olá pessoal!

Todo mundo aqui já deve ter visto várias imagens que contêm ilusões de ótica! Principalmente se você for estudante de psicologia, sempre tem um professor que traz alguma imagem pra ilustrar aquela aula sobre Gestalt, falando sobre figura e fundo e outras coisas mais. Quanto tempo nós não perdemos forçando a visão olhando pra elas e virando a cabeça pra um lado e para o outro tentando perceber a imagem sobreposta e no final sempre vem àquela decepção: “ó mesmo... só isso”; até parece que não demorou pra enxergar as duas imagens... depois que percebemos fica fácil, alternamos entre uma e outra sem dificuldade!

Então... encontrei na net esses dias um site de humor chamado College Humor, que sempre tem vídeos bem legais, e fez um sobre a ilusão de ótica tomando por base a figura que ilustra esse post. Bem legal... vale a pena conferir!